Um homem queria se tornar um iluminado e se desligar do mundo.
Mas, cada dia que passava era um problema para resolver em sua casa.
Antes de partir para as montanhas e se isolar precisava fazer o inventário de todos os bens.
Mas sua família nunca ficava bem e o candidato a monge se envolvia com problemas que não se resolviam e que nem sequer eram dele.
E ele meditava...
Nas ruas via a injustiça por todo canto, também a miséria e a doença. Quando chegava em casa sentia culpa ao encontrar na mesa um prato quente e uma cama macia para dormir.
Ele achava que não podia usufruir com alegria de seus bens enquanto existissem tantos miseráveis.
E ele meditava...
O que sua gente gastava com uma refeição dava para sustentar uma família por um mês.
E ele meditava...
Mas, porque Deus permitiu que ele fosse tão abastado!
Ele não fez sacrifício nenhum. Tudo lhe foi deixado por herança.
A idéia de ir para um mosteiro lhe agradava.
O mundo já não lhe satisfazia e o isolamento lhe traria paz.
Ele estava acostumado com a velha vida.
Mas...
Enquanto tivesse apego às coisas materiais; enquanto tivesse uma paixão em seu coração; enquanto estivesse vivendo a vida dos outros; enquanto estivesse se empanturrando de carnes e de bebidas; enquanto estivesse querendo viver a vida dos outros...
Nunca chegaria a seu objetivo.
Se ficasse só olhando para trás não conseguiria sentir paz no mosteiro.
Mas, qual era o seu lugar? Porque ele nasceu ali junto àquela família tão problemática?
Antes de seguir seu impulso precisava descobrir sua verdadeira missão.
Será que sua missão não era ao lado de sua familia?
Iride Eid Rossini
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